terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O REI E O ANEL





Era uma vez um rei que administrava seu reino com extremo zelo e que para tanto contava com bons conselheiros e até mesmo com um sábio em sua corte, além de fiéis cavaleiros bem preparados para um combate inesperado.

Numa manhã o rei recebeu de presente de um visitante nobre um belo rubi e mandou chamar o joalheiro da corte para pedir a este que criasse um anel, que seria o seu anel da sorte, pois assim o aconselhara o visitante que lhe presenteara a pedra.

O rei pediu ao joalheiro que criasse um pequeno compartimento no anel que deveria estar exatamente debaixo do rubi, onde um pequeno pedaço de papel pudesse ser armazenado. Como o compartimento era muito pequeno, qualquer coisa que se escrevesse naquele pequeno pedaço de papel não poderia ultrapassar quatro palavras.

Quando o anel ficou pronto o rei mandou chamar o sábio e lhe explicou sobre o anel. O rei então pediu ao sábio que lhe escrevesse as quatro palavras que lhe pudessem ser úteis num momento de extrema necessidade ou desespero.

O sábio assentiu e pensou por um instante. Chovia há dias e o sábio disse ao rei que assim que a chuva passasse ele entregaria ao rei as quatro palavras já escritas no pequeno papel tendo-o colocado no compartimento do anel da sorte do rei.

Dito isto, o rei concordou e entregou o anel ao sábio.

Passados dois dias e também as chuvas que irrompiam no reino há quase uma semana, o sábio devolveu o anel ao rei e disse:

- Majestade: abra o compartimento do anel somente num momento de extrema necessidade.

O rei concordou e colocou o anel no dedo. Passadas algumas semanas, o reino foi invadido por bárbaros e estes queriam a cabeça do rei para poderem tomar posse do reino. O rei percebeu que seu exército era muito mais fraco que o do inimigo e que fôra pego de surpresa. Era a ele que eles queriam.

Não lhe restava outra alternativa senão fugir em seu cavalo. Sem alarde pediu a seu servo imediato que preparasse seu melhor cavalo e partiu sem rumo. Os bárbaros o perseguiam e o rei se sentia acuado e em desespero.

O rei tinha decidido poupar seus soldados uma vez que o exército inimigo era duas vezes maior que o seu próprio exército e sabendo ele que era a sua cabeça que os bárbaros queriam, decidiu partir só para poupar vidas e afastar a atenção dos bárbaros para uma região vizinha a do seu reinado.

Foi então que o rei lembrou-se do anel. Abriu o compartimento e pegou o pequeno pedaço de papel onde estava escrito:

- ‘Isso vai passar.’

O rei sentiu-se de alguma forma aliviado, enxergou logo adiante uma clareira, entrou nela, se escondeu, até que os bárbaros, já o tendo perdido de vista desistiram e partiram.

Já seguro, o rei retornou ao povoado onde todos o aguardavam ansiosos, uma vez que não acreditavam que ele ainda pudesse estar vivo. Quando o viram retornar são e salvo, houve festa e exultação geral entre todos. O rei sentia-se orgulhoso de si mesmo e em êxtase por estar vivo e por ter retornado ao seu reino que permanecera intacto.

Neste momento, o rei recordou-se das palavras escritas no pequeno pedaço de papel contido no anel pelo sábio e o mandou chamar. Ele agradeceu o sábio pelas palavras escritas. O sábio pediu ao rei que lesse novamente o papel.

O rei questionou pois ele estava tão feliz, tão alegre, não havia motivo algum para desespero naquele momento e nenhuma vida tinha sido perdida na quase batalha. O rei estava orgulhoso de si mesmo e alegre.

O sábio repete:

- Majestade: lhe peço que leia novamente o pequeno papel.

O rei olha com atenção ao semblante sério do sábio e abre o compartimento do anel e lê:

- Isso também vai passar...

(este texto é uma adaptação livre de uma parábola sufi)

domingo, 8 de janeiro de 2012

2012... Será este o ano de nosso fim???

Ouvi em uma entrevista a um dos sobreviventes dos Andes:
“As pessoas que se queixam da vida estão bem, as que estão mal, cerram os dentes e seguem na caminhada”.

E pude ver que é uma verdade... Temos tudo ou quase tudo e vivemos reclamando... e como será a vida dos nossos irmãos que moram NO SERTÃO DO NORDESTE, onde há 180 dias não cai um pingo de chuva, e veem seus animais morrendo de sede, sua plantação definhando no solo que se transformou em pó e seus açudes em torrões craquelados como em uma pintura renascentista...

Estes são os verdadeiros guerreiros, pois calçam suas chinelas de dedo e por quilômetros a fora buscam uma lata de 18 litros de uma água barrenta, para alimentar seus filhos e para algo que pode ser básico para nós da cidade... Mas para eles é extremo luxo: “algum tipo de higiene pessoal”...

Amigos onde ficou perdido no nosso olhar para os outros?? O amor ao próximo??? Ou melhor, prefiro chamar de necessidade básica do homem que se diz moderno: onde ficou o RESPEITO???

Entre amigos e conversa solta buscamos justificativas para tudo isso... Mas somos incapazes de fazer algo que realmente mude essa situação... Deixamos para os outros, e nossa parte fica só em reclamar de BUXU cheio, em uma mesa de um boteco qualquer, regado de cerveja gelada e petiscos comuns e com valores equivalentes ao salário que nossos irmãos sobrevivem por três ou quatro meses de total e completa miséria no nosso tão grande nordeste.

A parte linda do nordeste, fica para as áreas de litoral, zona da mata... Que por culpa daqueles que vivem em capitais e vivem reclamando da vida: jogam o papelzinho de bombom nas ruas, entupindo galerias e alagando as cidades destruindo casas, ruas e vidas, ou nas bitucas de cigarros jogadas em áreas onde o verde deveria ser total, mas acabam em labaredas de calor e alaranjadas de um fogaréu sem controle.

Para o nordeste cantado em versos e prosas, em repentes e cordéis ficam as pessoas abandonadas pela sorte, aguardando um milagre ou a misericórdia divina com a chegada das CHUVAS.

Vejo que estamos esquecendo que viver em PAZ, é de ter RESPEITO pelo próximo e por nós mesmos, de ter consciência que o lixo urbano prejudica a vida daquela criatura que nunca vimos, e que sofrem em uma terra árida sem água, comida e perspectiva de melhoras...

Eles só querem acordar, trabalhar na terra, colher, comer e viver cada dia da mesma maneira, sem grandes planos com carros velozes, casas modernas e inteligentes, bens materiais (celular, tv de LED, IPOD, notebook, iphone, micro-ondas, freezers e etc.)

Onde ficou perdido homem que trilhava cominhos de igualdade, fraternidade e liberdade??? Vejo que tudo isso passou a ser proclamado e ser vivido entorno de seu próprio eixo, ou melhor: UMBIGO.

Vemos nas novelas e filmes pessoas tramando para destruir o próximo, ligamos a tv e ouvimos que alguém por estar embriagado matou tantas pessoas... ou por um AMOR matou outra, que um navio carregado de petróleo esta causando um desastre ambiental e que a multa será de valores repletos de zeroooosssss. Para onde esse dinheiro vai???

Tanto dinheiro gasto em multas ambientais, em construções faraônicas e a população morrendo de necessidades básicas... Fome e sede.

Estamos negando um prato de comida e um copo com água a pessoas realmente fortes e lutadoras, alimentamos nas cidades vagabundos que por preguiça roubam e fazem filhos para ter um trocado de forma mais fácil, em uma bolsa família sem troca por trabalho.

2012... Será este o ano de nosso fim???

Ou será que 2012, daremos o fim de todo esse egoísmo, inveja, maldade, preguiça, vergonha que os “Homens de boa vontade” ou os homens de DEUS, que jogam todas as pedras, mas esquecem de todos os seus pecados???

Vamos pensar um pouco... vamos agir de verdade.
Analú Lyra

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Do desejo insaciado
surge a tensão
o sol e a lua
que separados
procuram-se
orbitando em silêncio
profundo.

Do desejo insaciado
surge a criação,
o homem e a mulher
que separados
procuram-se,
vagando em espaços
abertos.

Do desejo insaciado
surge a ânsia e angústia
laminas de corte
sobre a alma
serpentes frias sobre a pele
a fazer desejar cada vez mais.

EU (Analú Lyra) QUERO SER UMA ETERNA ÁGUIA



A águia é a ave que possui maior longevidade da espécie. Chega a viver setenta anos.

Mas para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão. Aos quarenta ela está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva. Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já é tão difícil!

Então a águia só tem duas alternativas: Morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar cento e cinquenta dias.

Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo.

Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. E só cinco meses depois sai o formoso vôo de renovação e para viver então mais trinta anos.

Em nossa vida, muitas vezes, temos de nos resguardar por algum tempo e começar um processo de renovação. Para que continuemos a voar um vôo de vitória, devemos nos desprender de lembranças, costumes, velhos hábitos que nos causam dor.

Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado valioso que a renovação sempre nos traz.